quinta-feira, julho 12, 2007

Nova Época Desportiva

Tive conhecimento da realização de uma reunião preparatória para a próxima época desportiva.
Devo começar por referir que não compareci à reunião, não por qualquer tipo de impedimento, mas simplesmente por não ter sido contactado directamente nesse sentido, por quem eu acho que o poderia ter feito. Fica apenas o registo. Procuro pautar a minha vida por princípios dos quais não abdico, por isso jamais iria comparecer num encontro sem ser convocado para tal. Muitos poderão entender esta atitude como exagerada, desajustada ou até mesmo elitista, mas eu entendo acima de tudo que as coisas devem ser tratadas por quem de direito e pelas vias próprias, tal como aconteceu (por exemplo) no início da época transacta.
Ao contrário do que possam imaginar, não fiquei aborrecido com ninguém, porque acredito sinceramente ter-se tratado de um esquecimento. Este facto, em nada altera a consideração e amizade que tenho pelas pessoas em causa. Na realidade nunca fui partidário do ditado “pensa mal e acertarás”, porque acredito verdadeiramente na boa fé das pessoas pelas quais como referi até nutro bastante simpatia.
Na impossibilidade de o fazer de “viva voz” na reunião conforme pretendia, entendo que o blog poderá ser um espaço alternativo e adequado para deixar algumas reflexões, que desde já refiro que é um aspecto que tem faltado muito neste grupo.
Em primeiro lugar, devo dizer que o principal objectivo da minha ida à reunião teria sido o de expressar perante todos, o enorme prazer e gratidão que tive durante o ano passado, em fazer parte do grupo. Tencionava fazê-lo no último jogo da época passada, mas por imperativos profissionais não foi possível.
Em segundo lugar queria deixar a minha palavra de solidariedade e apoio a todos, na certeza de que poderão contar sempre com a minha colaboração na medida das minhas possibilidades.
Uma palavra de apreço para o nosso treinador, como ser humano, do melhor que conheci… Em muito contribui para a coesão do grupo até ao fim. Para toda a direcção e restante staff “invisível”, os meus apreço pelo empenho demonstrado.
Conforme referi, acho no entanto que todos devemos aproveitar o defeso para fazer algumas reflexões, na certeza que só assim podemos melhorar. Todos, sem excepção temos a obrigação de ter essa atitude.
A primeira questão que coloco a mim próprio é porque razão deixaram de aparecer jovens a praticar futebol em Azaruja? Das pessoas com quem falo todas me contam histórias de grandes jogadores do passado. O que foi feito do filão? Acabou? Será que vamos continuar a responsabilizar a TV ou a Playstation como aglutinadores de jovens potencias futebolistas? Também terão a sua cota parte, é certo… mas então e nós? Não teremos também responsabilidades nesse domínio? O que é que cada um de nós tem contribuído para atrairmos para o grupo jovens cá da terra? Alguns aparecem no verão, mas depois eclipsam-se. Será que inconscientemente não estamos a “blindar” demasiado o grupo, vedando a entrada ao pessoal mais novo?
A continuar assim, no final desta geração acaba de novo o futebol em Azaruja. Muitos poderão pensar que mais vale nem pensar nisso, porque o que interessa é irmos jogando e quem vier atrás que feche a porta, do género “enquanto durar, dura…”. Será esta a atitude correcta? Não deveríamos procurar deixar um “legado” às novas gerações? Temos que pensar que se os nossos pais e avós pensassem assim, nem campo de futebol teríamos hoje para jogar.
Uma segunda reflexão a fazer terá que ser em relação à época passada. Antes de mais devo dizer que contra mim falo, como membro do grupo, mas as pessoas inteligentes procuram aprender com os erros, e a melhor forma tentar melhorar o que não esteve bem.
Apesar de pontualmente, não gostei de ver ou ouvir A, B e C entre si a falarem mal de D. Seria melhor chamar também o D e falarem entre todos. Seria mais pedagógico.
Acho que o grupo é forte e coeso, mas fica mais fraco dentro do terreno de jogo (não estou a falar em termos técnicos e de futebol jogado). A principal lacuna é a meu ver a falta de diálogo e apoio mútuo dentro de campo. A palavra de incentivo, de apoio e de orientação, sobretudo para os mais novos. Não bastam aquelas palavras de circunstância que todos nós proferimos e que estão ao nível do “boa” ou “força”.
Vou citar um caso concreto. Como assíduo frequentador do banco de suplentes, deparei-me por algumas vezes com a entrada durante o jogo de um jovem jogador da nossa equipa. Foi curioso observar que de repente, parecia que toda a gente estava à espera de “aprender” algo com aquele jogador, sendo que na realidade, cada um de nós pouco ou nada tenha feito em prol da sua evolução (mais uma vez também contra mim falo). Isto foi paradigmático. Para além das normais indicações do treinador, o jogador entra em campo, e nessa altura toda a gente lhe dá algum incentivo ou orientação posicional. Passados dois minutos nada mais lhe é dito, e ao fim de cinco minutos, anda perdido. É nestas alturas que se sente alguma falta de apoio e orientação dentro de campo. Falta a voz de comando e incentivo constante, sobretudo nos maus momentos, porque nestas alturas a do treinador não chega. Se calhar uma vez mais não estamos a contribuir para o crescimento futebolístico dos colegas mais novos. Será por não sabermos? Não me parece. Eles precisam da nossa ajuda, e se não a recebem é porque se calhar não estamos atentos a essa situação.
Em relação ás arbitragens, sinceramente não acho que possamos ter razões de queixa. Pontualmente, sim. Em regra e ao longo da época acho sinceramente que não. Foram fracas? È verdade, mas estão ao nível do futebol praticado…
Moro em Azaruja há 30 anos e comecei a ver futebol no campo mal sabia andar. Confesso que sempre ouvi este discurso dos coitadinhos… da perseguição, etc. Tretas! Basta de conversas destas, senão nunca mais crescemos. Em boa verdade, perdoe-me a sinceridade, mas acho mesmo, que isto é típico de quem tem algum tipo de complexo de inferioridade. Por mim, como nunca tive esse tipo de complexos, acho que não devemos entrar por aí. Temos que assumir os erros próprios senão passamos a vida enganados. É a única via para podermos melhorar.
Finalmente, será motivo de reflexão para todos, a perda (desportiva) de um colega cá da terra. Sem sequer opinar sobre o assunto, nem fazer juízos de valor do que quer que seja, acho que pelos menos todos temos a obrigação de reflectir sobre o assunto para evitar situações semelhantes no futuro. Todos nós devemos promover o diálogo interno e a troca opiniões, mesmo que antagónica, mas sempre com respeito por quem não concorda connosco, caso contrário começamos a perder mesmo antes de entrar em campo…

A terminar, e para expressar uma vez mais a minha satisfação por ter feito parte desta equipa, cito o “GENIAL” Diego Armando Maradona, que uma vez disse “Na vida gastei imenso dinheiro com drogas e protistutas, mas também gastei algum dinheiro mal gasto…”. Pegando nesta expressão, devo dizer que ao longo da última época gastei algum tempo nos treinos e jogos, mas também gastei algum tempo mal gasto…

Com um Abraço de Amizade

Vítor Pauzinho